Somos cada vez mais complexos, aliás, a simplicidade parece rondar a contramão da nossa tão sonhada satisfação. Os desejos não perduram, não sobrevivem serenamente como realizados, vivemos na trilha dos desconfortos que motivam outros desejos, novas aventuras e novas frustrações.
Não contemplamos, não vivemos nossasrealizações, não,não...
Preferimos almejar fusões loucas e descabidas, dignas de uma bela estadia num hospital psiquiátrico... Que loucura!
Já perceberam como nos queixamos das coisas? Se namorados, ficamos saudosos, relembrando os velhos tempos de solteiro, as festas, mulheres, a liberdade e as badalações que tal condição nos proporcionava... Se solteiros, babamos no vazio, observando melancolicamente os casais na rua, lembrando do colo, do cheiro, do amor, do domingo no cinema e de tudo mais que a relação trazia de bom.
Se empregados, reclamamos do salário, do chefe, do cansaço e do stress que o mercado conspira.
Se desempregados, queixamos da falta de grana, do alto nível de exigência e das poucas oportunidades oferecidas... Assim, nada desce bem. Todo emprego será chato e nenhuma condição sentimental ou pessoal será ideal. Estaremos, de certo modo, fadados a navegar pelo mar da insatisfação. Isso parte dessa idéia chata de perfeição, de prepotência e de sucesso cotidiano... Nos julgamos dispostos demais... A trabalhar como loucos, a assumir relações, a sermos cúmplices, fieis e jorrar amor aos quatro cantos, mas por vezes e vezes descobrimos que não estamos prontos, para uma urgência emocional, outrora por carência, solidão e certamente, na maioria das vezes porimaturidade afetiva, por pura impaciência emocional.
Somos todos iguais. E não há nenhum remédio, senão o amadurecimento produzido pelo tempo, capaz de nos suprir e de nos livrar disso. Num outro tempo, já maduros e equilibrados, descobrimos que unir o bonitão das paradas e uma boa namorada na mesma face é impossível e que o namoro e a balada nunca se casarão... De fato, as coisas não serão sempre perfeitas como desejamos, mas a convivência com nossos erros nos ensinam a entender e a valorizar aquilo que é nosso, aquilo que conquistamos pelo que somos.
A vida é e sempre será de momentos, oportunidades e opções.
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