9 de outubro de 2012

QUEM SOMOS?

É triste perceber como a frivolidade tomou conta das relações, sejam elas afetivas ou profissionais. Fala-se o que se deve, não o que sente. Mostra-se o que é mais útil, não o que revela mais os esconderijos bonitos de toda alma.
E não revelamos sequer a nós mesmos quem somos, ou, pior, temos preguiça de procurar em nós quem somos. E por isso não somos. Não por uma decisão de Deus, mas por uma teimosia humana em aparentar apenas o que agrada. Que necessidade é essa de agradar o tempo todo?
As comédias revestem-se de grandeza quando revelam no riso e na dor as quimeras da humanidade. Rimos porque vemos quanto somos gente, e não semideuses. Quanto somos povo, e não príncipes e princesas de contos imaginários. Não há perfeição, meu amigo. Há manias, idiossincrasias, bobagens que colecionamos, mas que fazem parte de nós. Fomos construindo paulatinamente e chegamos até aqui. Até aqui, onde? Sem essa pergunta, mesmo que sem resposta, como prosseguir?

(Cartas Entre Amigos)

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